Numa noite dessa qualquer, sem sono e sem o que fazer, acabei “naufragando” pela internet... isso mesmo... naveguei, cai, retornei às tormentas e fiquei ali: ilhado e sozinho, ouvindo um cd de ópera italiana, mais por curiosidade do que por desejo. Quase que por um milagre, uma alma caridosa surge e me cede alguns minutos de saboroso bate-papo. Na verdade comecei a responder uma enquete.
Após perguntas naturais como de onde eu teclava ou o que fazia da vida, minha “salva-vidas” perguntou qual era o meu sonho. Foi uma pergunta simples, mas difícil. Digo mais: dificílima! E, estando eu envolto por aquela áurea de preguiça e tédio, respondo com uma naturalidade não tão sincera, mas espontânea, que sonhava ter estabilidade. ES – TA – BI – LI – DA – DE. O que seria isso?
Segundo o Aurélio Buarque de Holanda: Es.ta.bi.li.da.de: s. f. 1. Qualidade daquilo que é estável. 2. Equilíbrio. 3. Firmeza. 4. Segurança.
Quem de verdade gostaria de ter estabilidade? De saber que ao acordar teria o que precisa, estaria sempre com o mesmo humor, possuiria a certeza de que tudo iria dar certo naquele dia. E amanhã? E depois de amanhã? Que ficaria ali? Sempre naquela rotina, com os mesmos desejos e a certeza de realizá-los? Quem aí queria estar estável?
O bom mesmo é estar estando. Estando aqui hoje e amanhã estando acolá. Ter a vontade de crescer, de descobrir, de sair... de voltar. Conhecer uma parte do mundo a cada ano. Ter vários amores, várias conquistas ou várias desilusões. Saber o que é ser feliz. Ou triste. Cuidar dos filhos, ou dos sobrinhos... quem sabe ser babá.
É natural da vida ser instável. É gostoso. É divertido.
Estando aqui, sem sono e com muita paciência. Continuo sem desejo nem sonho de ser estável, apenas esperando que a música termine e que o sono chegue. Quem sabe aqui na cadeira ou ali na cama... talvez no chão. Não sei... só sei que estarei lá, enfim: estável.
